Reflexões psicanalíticas sobre o submarino Ocean Gate

A falta para psicanálise significa a busca incessante pelo que desejamos.

O mundo viveu esses dias o desaparecimento e a procura por vidas em um submarino que perdeu contato com sua base, sumiu no mais profundo mar. Porém, o que mais me intriga é saber que os passageiros eram pessoas totalmente realizadas financeiramente (milionários) e socialmente reconhecidos por seus feitos em diversas áreas. Homens que certamente alcançaram a realização de seus desejos. Mas sim, precisavam de mais, sempre em busca de suas “faltas”, em busca de suas completudes imaginárias.

Estamos nessa eterna busca de nossas realizações e sempre insatisfeitos com os resultados alcançados, tudo isso nos leva a refletirmos, qual é o limite das nossas vontades?

Esse questionamento nos causa uma certa insegurança.

Para a psicanálise a falta é constitutiva em todo ser humano, o nosso desejo nasce de uma falta, essa falta está ligada aos primórdios da nossa vida, quando ainda tínhamos aquela sensação de satisfação plena, à medida que crescemos e percebemos que essa plenitude vai se perdendo, fica um furo, uma imagem, uma ideia de que talvez um dia seja possível sentir e alcançar aquilo novamente.

É importante destacar que esse movimento dá origem e impulsiona nosso desejo e isso é essencial, afinal, nossa eterna insatisfação impulsiona o desenvolvimento da ciência e tecnologia no mundo. O principal questionamento sobre esse acontecimento recente é, até onde podemos ir em busca de algo? Esse algo que não sabemos explicar e que ao mesmo tempo nos movimenta.

Por: Rosaida Bomfim e Clarisse Mendes